sexta-feira, 26 de março de 2010

Verdade e política através dos tempos

Durante todo decorrer histórico vemos a inerente necessidade humana de constituir uma idéia concreta que defina o ambiente em que está imerso, o sentido de sua existência, os acontecimentos, os sentimentos, e muitos outros aspectos que rodeiam a vida dos indivíduos. ssa busca pela verdade influencia a atividade política. Na Grécia antiga temos Sócrates condenado por induzir o questionamento à população, o que não era bom para as autoridades.Também têm Platão e Aristóteles apoiando o governo uno de um filósofo, que por conhecer a verdade não se tornaria um tirano, teoria que gerou um grande líder, Alexandre, O grande, responsável pela expansão da cultura helenística através de sua campanha de não imposição de elementos não pertinentes aos povos conquistados evitando, desse modo, rebeliões e rejeição da cultura do dominador.

Durante a Idade Média a filosofia assume outra face. Pela oficialidade do cristianismo ela se volta para tentar provar os dogmas religiosos e as concepções cristãs. Autores e estudiosos retomam as teorias de filósofos gregos a fim de adequá-las às suas convicções. Sto. Agostinho e Tomás de Aquino se utilizaram da teoria aristotélica de potência e ato para afirmar que o homem tem a potência de ser bom. Mas enquanto o primeiro afirmava que o ato da fé era natural do homem e este revelava sua bondade, sem esse ato a alma do homem era condenada ao inferno, Tomás de Aquino dizia que o ato deveria ser guiado por um mestre que sabia mais do que os outros, ele cria uma hierarquia na educação, que era somente religiosa e não científica, baseada em doutrinas. A predestinação e a hierarquia extrema geravam uma intensa imobilidade social e consequente estabilidade do poder. Até ese momento histórico nota-se a intolerância para com idéias minoritárias.

Após reformas e contra-reformas religiosas a visão de filosofia dissociada da fé religiosa volta à tona com Descartes. Ele afirmava que a fé não poderia guiar uma ciência corretamente. Pregava que era preciso separar os elementos de um todo para poder se estudar a fundo cada um deles e chegar à verdade. Nesse ponto surgiram as ciências. A partir daí tudo começou a ser estudado a partir dos pensamentos e observações humanos, o que caracterizou o início da transição do teocentrismo para o antropocentrismo. A partir daí o homem tem muito mais autonomia em relação ao Estado, pois esse não detém mais a verdade de Deus e está sujeito a errar também, já que é humano. Assim os governos ocidentais passam a ter um outro caráter e uma outra relação com a verdade.

É possível dizer, então, dizer que a verdade que o homem busca alimenta suas decisões e convicções no campo político. Até hoje a verdade tem um papel importante na nossa atividade. Não pode-se dissociar os anseios do homem com sua realidade.
Na pós-modernidade acredita-se que não se pode enxergar a verdade olhando-se para setores isolados de um organismo ou instituição ou fadando indivíduos a metanarrativas totalizantes. Há tanta diversidade no mundo que a única maneira de se chegar um pouco mais perto da verdade é aceitando que ela não existe em absoluto. Ao respeitar verdades múltiplas e opiniões divergentes é possível gerar debates, diálogos e, usando isso na política, propiciar o bem para muitos sem correr riscos de imposições imperialistas ou ditatoriais a uma população. Somente uma política ampla respeita verdades múltiplas

5 comentários:

  1. Concordo. Acredito que uma política de "sucesso", se é que podemos chamar assim, não acontece em uma sociedade em que todos acreditam em uma verdade absoluta. As múltiplas verdades são mais aceitas, pois não giram em torno de uma única ideia, mas sim, em torno de muitas e variadas, o que dá a população um sentimento de liberdade de pensamento a todos.

    Blog: Olhar sobre a Política
    http://olharsobreapolitica.blogspot.com/

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  2. Me pergunto até que ponto a busca pela verdade pode ser natural. Digo, embora ela mova a humanidade para a evolução, também é responsável por o que podemos chamar de barbáries, como as experiências feitas na Alemanha com judeus. Embora isso faça parte da biopolítica, pessoas foram prejudicadas em prol da busca de verdades absolutas (o humano perfeito).
    Nesse ponto, a pós-modernidade, de fato, trouxe alguma iluminação. Assim que essa visão de verdades únicas e indiscutíveis caíram por terra, foi mais viável para o humano buscar suas próprias verdades, e não as absolutas, antes pregadas.
    Pena que não ouviram Heráclito antes D:

    Beijos, meninas!

    Blog: Ponto em Questão
    http://pontoemquestaopucsp.wordpress.com/

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  4. Carlos Eduardo de Castro Junior

    Concordo, acredito assim como o Luiz falou, que uma política de "sucesso", não possa existir em uma sociedade em que todos creem em uma verdade absoluta. Até porque, a partir do momento que todos passam a acreditar qué há somente uma única verdade, a manipulação por parte do Estado com essa sociedade se torna mais fácil. Temos como exemplo o Nazismo, que a Ana Paula citou, o ideal nazista era praticamente unânime em toda Alemanha, então Hitler conseguiu manipular mais facilmente a massa.

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  5. Adorei o texto Lily! E juntamente com o Luiz, acredito na multiplicidade de idéias para alcançar a plenitude.
    O papel do Estado é garantir o bem-estar comum, e como fazer isto com apenas um verdade, sendo que está nunca será a da maioria, tão pouco a de todos? É preciso acompanhar a época e aderir à contemporaneidade que nos foi imposta. Só assim poderemos aceitar uns aos outros e buscar a felicidade geral.

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